26.9.07

DEMÊNCIA

Não sei quem sou nem quem me olha de frente
São olhos que me fitam através do espelho
: perdidos
Tristes olhos que choram sem saberem a razão
Da mágoa salgada que sinto na boca
: amarga
- Conheço-te de sempre e não sei quem és
E olhas-me com ternura
: sentida
Sentas-me no colo do teu olhar e embalas-me
Até voltarmos à infância para brincarmos
: alegres
Cantamos e rimos como crianças
Com caretas e esgares
: ridículos
Que se apagam na noite que cai
E me enche de medo
: infinito.
Sentada na escuridão desta noite
Sozinha atrás do espelho
: partido
Como um preso na sua cela
Sem conseguir provar a inocência
: espero
Pelo fim desta agonia que nem sei que sinto
Mas que vejo nos teus olhos
: vazios.

6 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado.
Por tudo...

DGonçalves disse...

Um bom regresso, querida Matilde.
Espero que desta vez não desapareças tanto tempo. Gostava de saber de ti.
Um beijo de quem não se esquece.
D.

Anónimo disse...

Bom regresso, com um belíssimo poema. Não é dificil relatar a realidade, o dificil é relatar a natureza dessa realidade, que tantas vezes se nos escapa por entre os neurónios, ou porque não estão a funcionar bem, ou porque pura e simplesmente os desligámos.

Anónimo disse...

Muito comovente e cheio de ternura! E como se tu tambem estivesses do outro lado do espelho e visses a realidade, cega ao olhos da demencia. Ainda bem que estas pois a tua cumplicidade faz muita companhia e nao nos deixa sentir sos....

Anónimo disse...

Julguei q tinha acabado o PEO tal foi a quebra na publicação. Assim não se fideliza público, não se Para, não se Escute e muito menos temos a lembrança de Olhar.
Quanto ao post - Muito bom!
Ricardo P.

Anónimo disse...

Quantas e quantas vezes um silêncio ou um olhar dizem mais que mil palavras.
Palavras para quê? Palavras leva-as o vento o que interessa é o sentimento que cada um tem e que guarda bem no fundo do seu coração muitas e muitas vezes sem saber explicar porque as palavras não saem....