19.3.07

CEGUEIRA

Encontrei-te um dia: parado no meio da multidão.
Não sei dizer como tu és, pois só vi o teu olhar
Era de luz
Como uns farois que me encandeiam de noite.
Sim, tudo á tua volta era noite
A multidão avançava nas trevas e tu, ali parado, eras dia
Olhavas para mim. Fixamente, amorosamente…sem pressa
Prendias-me a ti
Quis ficar: para sempre.

Eles foram mais fortes: empurraram-me, arrastaram-me;
Levaram-me, como um rio leva um galho de uma árvore, na força da sua corrente
Perdi-me
Deixei-me levar pela escuridão
Dentro de mim, a tua luz foi-se aos poucos apagando: esqueci.

Aconteceu. Como sempre – de repente
Um choque
Um grito
Sangue e lágrimas: o veredicto
Olhos vazados, vida traída: cega de esperança.
Mais uma vez: perdida
Voltaste
A tua luz voltou
Esquecida e agora lembrada: luz da nova obscuridade
Não te vejo, mas sei que aí estás
Parado ao meu lado
Eles continuam – na escuridão.

3 comentários:

Anónimo disse...

Continua bem. Agora é só não esmorecer.

Anónimo disse...

Está lindo! o que prova que a tristeza pode ser bonita.....

Anónimo disse...

Este é sem dúvida o que gosto mais.
Parabéns! Tio K